Iniciamos um novo ano! Como de costume – e para não perdermos o hábito – quando chegamos ao final dos 12 meses, nos comprometemos a refletir sobre o ano que se encerra e sobre o que se iniciará. Para isso, os instrumentos essenciais para fomentarmos o nosso crescimento – pessoal, espiritual, profissional, etc. – são os propósitos que planejamos cumprir no desenrolar do ano que acabara de adentrar.
Mas, basta realizarmos o planejamento dos propósitos e iniciar o mês de janeiro motivados a colocá-los em prática? Afirmo que não. O entusiasmo é muito saudável para vivermos bem e alcançarmos nossas metas, mas ele não basta em si próprio. Planejamento? Necessário! Mas também insuficiente em si mesmo.
Ora, então como devemos agir? Podemos encontrar a resposta na audaciosa recomendação de São Josemaria Escrivá: “Concretiza. – Que os teus propósitos não sejam fogos de artifício, que brilham um instante para deixarem, como realidade amarga, uma vareta de foguete, negra e inútil, que se joga fora com desprezo.” (Caminho, 247). Portanto, para vivermos bem as metas que traçamos para/e durante o ano, devemos fazer propósitos concretos, que consistem em planos de ação que seremos capazes de realizar.
Podemos planejar muitas coisas. Podemos fazer muitos propósitos. Mas, aqui, de nada adianta rechearmos a nossa lista se não a cumprirmos bem. Logo, mais vale pensarmos em poucos propósitos e cumpri-los, com a graça de Deus, do que lançarmos ao ar os “fogos de artifício” que no início brilham, mas depois se desfazem em uma inútil vareta. Exemplificarei: nossa empolgação pode nos levar a desejar ler trinta livros neste ano. É uma boa aspiração, não? Mas, avaliemos o nosso contexto previsto para este ano e pensemos: o meu ritmo de vida permitirá que eu leia com calma e reflexão as três dezenas de livros que me comprometi a ler? Pois então, não seria mais frutuoso comprometer-me a ler dez livros, bem lidos, que resultarão em aprendizagens e meditações mais fecundas que melhor me direcionarão?
“Non multa, sed multum” – “Não muitas coisas, mas muito” (Caminho, 333). Devemos nos dedicar aos poucos propósitos que fizermos, vivendo-os com profundidade. De artificial basta o mundo com suas ilusões. A nossa vida deve ser bem vivida, e muito bem vivida, seguindo o exemplo de Cristo que “faz bem todas as coisas” (Mc 7, 37). Firme vontade, ação e vida interior – e a graça de Deus não nos faltará.