2019 – Até aqui, muito nos foi falado sobre a condição da mulher na sociedade, destacando o argumento de que estas devem alcançar o seu “empoderamento social”, isto é, atingir um espaço civil mais amplo e destacado. Para isso, muitos acreditam que seja necessário eliminar o comportamento que muitas mulheres decidem empregar em suas vidas (encarados absurdamente como uma construção social), como: ser mãe, vestir-se recatadamente, seguir a religião, esforçar-se para ter um casamento duradouro, deixar de lado, prudentemente, uma carreira profissional para zelar pelo seu lar e sua família, entre outras atitudes heróicas.
Mas, será mesmo que essas decisões implicam necessariamente estar dentro de uma “construção social”? O que as fazem ir contra os processos de modernização e empoderamento feminino, já que estes aparentam ser tão atraentes e aliviadores? Para respondermos a estas indagações, convido-lhes a algumas reflexões.
No início da Criação, quando Deus-Pai cria o vasto universo com todas as suas maravilhas e recursos abundantes, fez o homem a sua Imagem e Semelhança, e, não satisfeito com a solidão da sua criatura humana, dá origem a mulher como companheira e auxiliar – do hebraico ezer kenegdo, que significa “socorro de Deus” – guardem bem este significado! Compreendemos aqui que o objetivo de Deus ao criar a mulher está justamente no socorro, no auxílio, no amparo e na companhia que ela oferece – por dom de Deus – ao homem, isto é, a todos aqueles que vivem em seu entorno. Não pensem aqui que é uma função oprimida estar a serviço dos outros. Pelo contrário: a liberdade consiste em autodominarmos, em eliminar, pouco a pouco, o egoísmo que está em nós para dar lugar a generosidade que Deus nos pede. Deus fez a nós, mulheres, com o dom natural de servir. Logo, a nossa felicidade e realização estão em ajudar aos que estão em nossa volta, dando-lhes vida, esperança, ternura, doçura e auxílio. ENCONTRAMOS O SEGREDO!
Podemos comprovar na prática esta verdade. Lembremo-nos de um momento habitual em nossa vida: em nossa casa, há uma pia com louça para lavar e há uma cama para deitarmos. Sabemos que deitar, para nosso corpo, seria mais prazeroso. Porém, o que seria mais satisfatório? Cumprir nosso dever daquele instante: lavar a louça corajosamente! Missão cumprida? Agora o descansar será mais leve, pois a nossa consciência não nos culpará de ter pensado só em nós mesmas. Esses casos são tão habituais… basta repararmos: a felicidade está no bem que fazemos aos outros que generosamente volta a nós.
Mas é assim que as mulheres, em sua maioria, estão vivendo? Pode uma criação obter bom êxito em seu funcionamento não cumprindo sua missão? Nunca se viu uma incoerência tão grande na realidade feminina: as mulheres estão buscando realização pessoal e estão tornando-se frustradas. E o motivo se encontra em não saberem qual é a sua essência, isto é, para que foram criadas; em acreditarem na falsa promessa de que ao buscarem realização em si mesmas serão felizes. Nada disso! Devemos amar e cuidar de nós mesmas, mas não colocando-nos no centro de nossas vidas. O centro é Cristo. Busquemos cuidar de nós, mas amando e nos doando a Cristo e aos outros.
Termino esta reflexão parafraseando o escritor francês Vinet, que afirmou que “o valor de um povo deve medir-se pelo valor de suas mulheres”. Consequentemente, somos chamadas a respondermos ao mais atraente dos convites, o que Deus nos faz: sermos o reflexo de sua generosidade na Terra. O pecado entrou no mundo por Eva, uma mulher. A salvação entrou no mundo pela Virgem Maria – a mulher que mais amou e serviu nesta terra e hoje os faz do Céu. Assim também, a regeneração da sociedade passa em nossas mãos femininas, cumprindo o papel de filhas de Deus, relacionando-nos amorosamente com Deus, que é Pai, e muito Pai; de esposas, obtendo a necessidade insatisfeita de amar; e de mães, alcançando a plenitude da vocação e da realização feminina. Assim, com a graça de Deus, esperamos chegar ao Reino dos Céus levando todos os que a nós forem confiados. Que a Virgem nos ajude.