Posicionamento oficial do apostolado Cavaleiros da Imaculada sobre a Hidroxicloroquina e Cloroquina no tratamento da COVID-19

Embora a Cloroquina tenha demonstrado in vitro (ambiente controlado e fechado de um laboratório) a capacidade de alterar a glicosilação do receptor ACE2 (proteína de entrada do vírus) e da proteína Spike (necessária para de ligar a ACE2) de SARS-CoV (coronavírus “1”, não o atual) impedindo assim a entrada do vírus nas células (principal forma de entrada do vírus nas células humanas) e a utilização de Cloroquina e Hidroxicloroquina inibirem o transporte de SARS-CoV-2 (coronavírus causador da Covid-19) através de endossomos para os endolisossomos (organelas responsáveis pela digestão intracelular) também in vitro, o que, aparentemente, é uma outra forma para a liberação do genoma viral (apesar de não ser a principal); em estudos clínicos com amostragem maior, baseados em ensaios clínicos randomizados (pacientes escolhidos de forma aleatória) com duplo-cego (paciente e médico examinador não sabem o que está sendo utilizado no tratamento), os resultados não demonstraram eficácia comprovada dos compostos no tratamento da COVID-19, mesmo utilizados de forma precoce, além de apresentar possíveis agravantes ao quadro clínico.

Reconhecemos que existem estudos que demonstram que esses compostos possuem efeito antiviral e deveriam ser administrados na fase de invasão do vírus nas células; outros supostamente demonstram a efetividade dos compostos utilizados de forma clínica, mas grande parte desses não possui um rigor no controle clínico experimental robusto. Na verdade, só a discrepância entre os resultados dos estudos clínicos envolvendo os dois compostos, já demonstra que não existe consenso da incontestabilidade das duas drogas. Sendo assim, esse apostolado defende que mais estudos clínicos controlados sobre os dois medicamentos sejam realizados, porém, até o atual momento, acreditamos que seja temerária, a recomendação da Hidroxicloroquina e da Cloroquina para combater a COVID-19. O que estamos vendo no Brasil é a politização de um medicamento com atitudes totalmente irresponsáveis da parte do presidente e o que é mais grave, de católicos formadores de opinião – de leigos a sacerdotes – tentando arrumar qualquer médico, pesquisador e/ou estudo isolado para condicionar a realidade a uma cegueira (por que não idolatria?) política.

Antes que alguém arranque as próprias vestes em função desse artigo e use o argumento de apelo à autoridade dos “50 estudos que comprovam a eficácia da Cloroquina” do artigo do senhor Bernardo Küster – que por sinal editou (veja o artigo abaixo antes da edição), já que tinha afirmado que desde 2003, a eficácia da Cloroquina/Hidroxicloroquina já tinha sido provada contra a COVID-19 (ora, uma doença que apareceu em 2019!) demonstrando não ter a menor noção do que está escrevendo – no site Brasil sem Medo do herético Olavo de Carvalho;

deixamos claro que já conhecemos a famosa lista do Dr. Paolo Zanotto professor da USP (de onde o senhor Bernardo copiou e colou a maioria dos estudos sem ao menos conferir todas as referências) que possui diversos artigos sem relevância para a situação em questão (para tratar COVID-19), alguns repetidos, publicados antes da doença, apenas com ensaios in vitro etc. Estávamos preparando uma refutação dessa lista para fins de tratamento à COVID-19 (reconhecemos que existem estudos relevantes à pesquisa básica), porém, fomos poupados, já que isso tinha sido realizado no site Revista Questão de Ciência. Não nos interessa nesse caso o viés ideológico dos autores desse site e sim, única e exclusivamente a refutação que foi realizada no âmbito técnico. Leiam e confiram.


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